Um dos motivos que levam muitas pessoas a se sentirem desconfortáveis no momento de um feedback formal é o fato de assumirem uma posição de vulnerabilidade diante da situação, ou seja, aceitam como verdade absolutamente normal que quem está no controle é quem provê o feedback. Uma sensação de ser o “alvo”, para ouvir o “veredito” como se estivesse em julgamento (lembrar que julgamento ocorre quando se emite uma opinião, o que não deve ser o caso como falamos anteriormente).

QUEM CONTROLA O FEEDBACK É O LIDERADO, O RECEPTOR DA MENSAGEM !

A quem mais interessa ter o retorno sobre como está desempenhando seu papel, onde está acertando e onde precisa melhorar? Ao liderado, claro! Portanto, cabe a ele assumir o controle da conversa, tornando-a um verdadeiro diálogo com seu líder, para que a oportunidade que esteja recebendo de conhecer melhor sobre seu desempenho seja aproveitada ao máximo. Se quem recebe o feedback souber como tirar proveito deste momento para obter todas as informações do seu líder, o consenso será alcançado mais facilmente e cada experiência de receber este retorno deixará de ser um desconforto para ser uma interação positiva e enriquecedora.

Como é possível ao liderado manter o controle da conversa e não deixar que o líder a conduza por si só?

Em primeiro lugar, estando disposto a ouvir. Isso porque ouvindo poderá assimilar melhor a mensagem e se preparar para buscar o entendimento completo através de perguntas para esclarecer o que não estiver totalmente explicado. Se não se propõe a ouvir, já estará abrindo mão do controle e tudo o que vier do seu interlocutor será desperdiçado.

Em segundo lugar, após ouvir atentamente, fazer as perguntas adequadas para ser convencido da relevância do feedback. Cabe ao liderado fazer de uma sessão de feedback um diálogo. Se permanecer calado, poderá não ter todos os elementos para agir no sentido de potencializar seus pontos fortes ou aprimorar o que precisa ser desenvolvido. Sua responsabilidade é sobre agir como se estivesse ENTREVISTANDO o seu líder e buscar todos os detalhes. Esta é a maior demonstração do interesse de sua parte em evoluir e a maior responsabilidade a ser exercida neste processo.

Por fim, é o liderado quem toma a decisão sobre o que fazer com a informação recebida. Costumo dizer que “feedback não se negocia”. Aceita-se ou não. E desconforto mesmo é encerrar uma conversa sem estar convencido do que ouviu, portanto o liderado deve compreender que a conversa se esgota quando se chega no consenso e então decidir se vale a pena investir tempo para se trabalhar sobre ele.

O maior erro cometido pelas pessoas no momento de um feedback ocorre principalmente quando o mesmo trata de um ponto considerado por ela como “negativo” e então se recusa a compreender o sentido da mensagem. Contra-argumentar, partir para uma discussão mais ofensiva e negar as informações que está recebendo demonstram que não se quer receber o feedback (mais uma vez, o controle continua nas mãos do liderado, mas ele não usufrui deste papel e o exerce da maneira equivocada). Minha sensação como líder nestes casos é que a pessoa prefere não receber o feedback, e quem mais perde com isso é ela mesma.

Um verdadeiro líder tem a empatia como uma de suas maiores qualidades, portanto ao entender bem que o controle do feedback está nas mãos de seu liderado, poderá se colocar em seu lugar ao se preparar para prestá-lo e desta maneira contribuir para que a “entrevista” com seu liderado seja, de fato, uma experiência que lhe traga o maior número de detalhes e proporcione o caminho para a melhoria do seu desempenho.

No próximo artigo encerraremos a discussão sobre o tema “feedback”.



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