Quando o nome de Dunga começou a ser especulado para voltar ao comando da Seleção Brasileira, fiquei surpreso. Não porque não gostei da escolha, mas por causa da forma como deixou o cargo, quatro anos atrás. Isso realmente me parecia inviável.

Antes de chegar ao assunto, lembro que a primeira passagem dele pelo posto já foi polêmica. Ainda não havia sido técnico, apesar da vasta e vitoriosa experiência no futebol. Fez um bom trabalho e não deveria ter sido demitido. A história da Copa de 2014 poderia ter sido outra.

Bem, sei que ele é uma figura controversa. É amado e odiado. Dificilmente fica no meio termo. Você pode ser a favor ou contra a decisão da CBF, mas a pergunta que fica é: por que alguns profissionais são sempre lembrados para grandes responsabilidades e outros não?

É preciso que a gente crie condições para ser aquele cara que, na hora H, é chamado. Aquele cara que é sempre uma decisão segura. As pessoas vão encontrar mil motivos para dizer que você não deve estar lá. Porém, o que leva o gestor que tem a caneta na mão a te escolher?

É possível argumentar que os mesmos motivos levaram Felipão a assumir pela segunda vez. E deu no que deu. Portanto, conquistar essa “condição” não seria, necessariamente, bom. Eu diria que, na verdade, ser um profissional assim não tira a necessidade de se atualizar.

Eu me lembro de um trecho do livro “O monge e o executivo”, de James Hunter, em que o executivo responde por que aceita ordens de um monge. Ele argumenta, entre outras coisas, que é bom para controlar o ego. Que habilidade de se renovar!

Citei a atualização porque é a razão mais apresentada na imprensa para o desastre contra a Alemanha na Copa de 2014. Felipão agora terá, no Grêmio, a chance de demonstrar que os críticos estavam errados e que o motivo da tragédia foi outro.

Agora, convenhamos, tem muita gente “atualizada” por aí que nunca vai conquistar o número de títulos que ele tem. Então, é preciso ter respeito. Foi o legado que construiu que permitiu a volta ao trabalho em tão pouco tempo depois do que aconteceu.

Essa situação fica evidente no mundo corporativo quando se conversa com empregados e patrões. Uns reclamam de falta de emprego; outros, da escassez de gente. Temos que entender como preencher esse vácuo, como virar aquela decisão segura.

Decisões parecidas com a da CBF são frequentes. O que mais se vê são reclamações de como o mundo é injusto. O raro é se preparar para chegar ao mesmo patamar. A questão é que, no mercado de trabalho, não há opções tão claras quanto o técnico Tite ou um estrangeiro.


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