Estava a dirigir e uma cena chamou a minha atenção. Na beira da estrada, urubus. Os olhos deles permaneciam voltados para um animal morto no meio da rodovia. Para chegar até a comida, as aves aproveitavam o intervalo entre um carro e outro.

Como o trecho era curto, não adiantava voar. Elas tinham que correr. E era desesperador quando veículos apareciam de repente. Fui até meu destino, fiquei alguns minutos e voltei. E elas continuavam lá: com uma vontade imensa de concluir a refeição.

Em 1994, uma foto impressionante ganhou o prêmio Pulitzer. Mostrava uma criança faminta que se encolheu, durante o caminho até um centro de alimentação da ONU. Ao fundo, era observada por um abutre. Era como se a ave estivesse à espera da morte daquele ser.

O fotógrafo Kevin Carter foi muito criticado na época. Disseram que ele deveria ter ajudado, em vez de fazer a imagem. De qualquer maneira, trata-se de uma obra de arte pelo que representa. É a forma como muitos seres humanos são tratados até hoje.

Há, ainda, aquelas pessoas que agem como urubus. Mandam energia negativa para os outros, na esperança de que virem carcaça. Mesmo que a “vítima” esteja no meio da estrada, insistem em se alimentar dela. Vão e voltam, à medida que os carros passam.

O mais interessante em relação a esse tipo de ave é que ela só consegue se alimentar de animais mortos porque não tem a habilidade de caçar. O ser humano que se comporta assim é parecido. Como não dá jeito na própria vida, precisa “urubuzar” a do próximo.

A diferença entre o urubu e a pessoa que tenta imitá-lo é que o segundo poderia desenvolver as competências necessárias para caçar. Afinal, ambos gostam de carne fresca. Só que, por algum motivo, o cidadão prefere atrapalhar o caminho de quem arregaça as mangas e faz.

Temos que tomar o cuidado, no entanto, para não colocar a culpa em gente assim pelos nossos fracassos. A melhor maneira de quebrar essa energia negativa é a resiliência. Trata-se da habilidade de nos recuperarmos sempre que caímos. É algo necessário.

Sylvester Stallone era desconhecido e estava falido quando escreveu o famoso filme Rocky. De acordo com o livro “O óbvio que ignoramos”, de Jacob Pétry, a ideia para o longa veio de uma luta a que o ator e roteirista assistiu. Foi realmente inspirador.

Um dos lutadores apanhou muito. E toda vez que ele caía no chão, todos achavam que o evento havia chegado ao fim. Mas ele se levantou, inúmeras vezes. Stallone viu semelhanças entre a resiliência daquele atleta e a vida dele. “Escrevi esse roteiro para mim”, afirmou.



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