Todos já fomos candidatos. Não importa a maneira como fomos contratados, se a empresa não é nossa e trabalhamos nela, fomos candidatos à vaga que assumimos. Em muitos casos, pode parecer que não, mas inclusive os profissionais de RH já foram candidatos.

Quando digo que pode parecer que não, não me refiro à postura da maioria dos selecionadores, mas à maneira como isso “se parece” para o candidato. Já estive dos dois lados, pois trabalhar em RH permite isso.

Sempre vi colegas de outras áreas no mercado, envolvidos em processos seletivos, chegarem num momento da busca em que param de entrar em novos processos, pois já participam de processos suficientes e preferem aguardar os resultados. Acho isso bastante prudente, pois existe mesmo um momento em que várias entrevistas se acumulam. Dependendo do nível hierárquico do profissional, o processo seletivo tende a ser mais longo e moroso, as propostas surgem e a pessoa acaba tendo que decidir. E declinar de uma proposta de emprego pode ser tão incômodo para o candidato, quanto é para o selecionador comunicar uma reprovação.

Para mim, em particular, participar de poucos e selecionados processos seletivos nunca foi uma opção, pois cada entrevista não era aproveitada somente como uma possibilidade de contratação, mas também como um “benchmarking”, por que não?

A questão é que para diversos profissionais, a falta de retorno num processo seletivo pode significar a perda de outras oportunidades. Na prática, no mundo real, este é o principal prejuízo que a falta de retorno ao reprovado pode causar.

Para minimizar ou mesmo resolver este problema, criamos o hábito de dar retorno, já como parte integrante do processo. Geralmente através do e-mail do selecionador. Quem usa sites de empregos para captar candidatos, pode enviar a mensagem por ele mesmo, e é uma ótima forma de não deixar ninguém de fora. Em turmas muito grandes (não são incomuns seleções com milhares de inscritos e centenas de candidatos presentes), em que o processo todo é formatado de forma diferente, colocamos um prazo para o gestor nos posicionar sobre os candidatos, antes de convocarmos o primeiro para entrevista ou dinâmica. Assim, já avisamos aos candidatos que eles têm até determinada data para aguardar uma resposta. Pode não ser a forma personalizada e construtiva do ideal de um retorno de seleção, mas torna-se prática e eficaz para o selecionador e para o candidato.

Que selecionador, talvez principalmente os psicólogos que têm esse valor durante toda a sua formação, não gostaria de dar um retorno a todos os seus candidatos reprovados, como se fosse uma devolutiva completa em um processo de orientação de carreira? Quantas vezes, enquanto selecionadores, vemos candidatos bons não serem contratados por pequenos detalhes?

Uma vaga é disputada por dezenas de pessoas. Nem sempre as que não foram escolhidas não estão no perfil ou foram de fato reprovadas para aquele processo. É simplesmente uma questão matemática, e física. Só um vai ser escolhido, o que não quer dizer que não tenha mais de um aprovado. O problema é que não há tempo hábil, na maioria das vezes, para detalhar ao candidato as razões de sua não contratação. E, para que todos tenham um retorno, é necessário usar formas mais rápidas. Isso não quer dizer que não haja um cuidado do RH com a participação daquele candidato. É somente uma questão prática para atender a um maior número de pessoas.



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