Durante conversa com uma consultora, disse a ela que admirava empresas que tinham funcionários com longo tempo de casa. Por “longo”, entenda mais de cinco anos, mas preferencialmente acima de 10. Para mim, isso é um indício de que o negócio é bom.

Falei de forma bem empolgada e a reação dela trouxe um ponto de interrogação para o diálogo: “É preciso cuidar para não ficar acomodado”. Aquela frase não saiu da minha cabeça. Aquilo seria, realmente, acomodação? Cheguei à conclusão de que nem sempre.

Basta observar, por exemplo, que o comum hoje é pular de galho em galho, de maneira frenética, para “aproveitar oportunidades”. Muitas vezes, essa atitude tira a noção de caminho a ser seguido e pode trazer malefícios em longo prazo.

Não há uma maneira única e correta de viver e de fazer as coisas. É claro, portanto, que há momentos em que precisamos fazer mudanças bruscas. Só que eu me senti instigado a defender essas relações duradouras de emprego. É importante ver o lado positivo.

Se o vínculo durou 30 anos, é porque foi conveniente para o empregador e para o funcionário. E essa pessoa “acomodada” pode ter adquirido casa, carro, plano de saúde, formado três filhos na faculdade, isso sem contar a satisfação em ter feito parte de uma realização.

Uma afirmação que pode surgir é que, se a pessoa ficar décadas em uma mesma função, aí não tem jeito: está acomodada. Tudo bem, mas há maneiras de se evitar isso. O empresário Flávio Augusto da Silva, do projeto Geração de Valor, contribui com o debate.

Em um dos programas que gravou para a Internet, ele disse que ama a mudança. De repente, começou a citar atividades e relações que mantém há anos. Então, explicou que é preciso encontrar formas de se reinventar, de se renovar, inclusive no que é para durar muito.

As empresas podem construir uma parceria duradoura de confiança por meio do crescimento. Se a companhia cresce, ela sempre vai necessitar de talentos que tenham o DNA dela e que possam dar conta do recado, ao assumir novas áreas e/ou aquisições.

Outra maneira de contribuir com isso é fazer com que os colaboradores circulem entre diferentes setores, para que possam ter um entendimento integral do negócio. Contar com gente assim por perto é imprescindível para a sustentabilidade da companhia.

Essa geração que tem a ansiedade nas veias é empreendedora e merece respeito. O que não podemos é ignorar a importância de manter um raciocínio mais lógico no trabalho. Acomodado, para mim, é quem não se prepara para uma relação que dure 30 anos.



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