No artigo anterior (DOR E PRAZER: AS FORÇAS QUE NOS CONTROLAM - PARTE 1) eu falei sobre como as associações positivas que fazemos durante vida podem moldar o nosso destino e exemplifiquei usando uma passagem da minha vida. Aquilo que aconteceu quando eu ainda era um adolescente mudou o meu destino.

Hoje eu falarei sobre as associações negativas e a maneira como elas - também - podem mudar a vida de qualquer ser humano. Aproveito a oportunidade para, assim como fiz no texto anterior, citar um momento da minha infância que ilustra bem isso.

Quando eu tinha lá uns 10, 11 anos de idade, eu fui obrigado a mudar de escola no meio do ano letivo e, naturalmente, tive algumas dificuldades de adaptação, principalmente pelo fato de ter ido estudar num colégio muito melhor do que o anterior.

E até que eu me adaptasse à minha nova realidade, era bem provável que eu passasse por maus momentos. E isso aconteceu bem antes que eu imaginei.

Só para que tenham uma noção de tempo e espaço, preciso dizer que essa troca de escola aconteceu exatamente num período que antecedia às festas juninas e, lá nesse novo colégio, existia uma regra a qual o aluno que tivesse uma média inferior a 70 nas provas do 2° bimestre, não poderia participar da festa que eles estavam organizando para aquele ano.

O grande detalhe dessa questão é que eu sempre fui apaixonado por festa junina. Assim sendo, imagina o que é ficar de fora da festa que você mais gosta na vida por conta de uma média fora dos padrões exigidos pela instituição?

E sim! Isso infelizmente acabou acontecendo! Não consegui a média desejada e eles me deixaram mesmo de fora do "arraiá". Sem choro nem vela. Eu me lembro da voz da diretora dizendo: “regras são regras e têm de ser cumpridas aqui e em qualquer lugar”. “Ok, tudo bem” pensei eu com meus quentões, digo, com meus botões.

Sabe o que tem de mais interessante nisso tudo? Imediatamente meu cérebro fez a seguinte associação: TIRAR NOTAS BAIXAS = FICAR DE FORA DAS MELHORES FESTAS

O fato é que a partir de então eu NUNCA mais tirei notas abaixo da média e sempre procurei me esforçar bastante para que não perdesse a próxima “festa”.

Em resumo, essas associações com dor e prazer produzem um efeito para o resto de nossas vidas. Essa neuroassociação negativa de ter ficado de fora da festa que mais gosto afetou muitas das decisões que tomei em minha vida.

“Se você se aflige com qualquer coisa externa, o sofrimento não é
causado pela coisa em si, mas por sua própria avaliação a respeito;
e isso você tem o poder de revogar a qualquer momento”
Marco Aurélio

Ao fazermos uma reflexão do nosso passado, somos capazes de recordarmos experiências - boas ou ruins - que formaram nossas neuroassociações e assim desencadearam uma série de causas e efeitos que nos trouxeram ao ponto em que nos encontramos hoje.



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