Prejudicar ou destruir a si próprio, criar armadilhas para si mesmo, comprometer o que se tem de melhor, sabotar-se. Sim, muitos de nós já fizemos isso e talvez nem tenhamos nos dado conta; e, então, continuamos a fazer. Permitimos que os fantasmas residam nos espelhos para onde olhamos, mas nada enxergamos. Ou até enxergamos, mas não sabemos como mudar o que vemos e sentimos. Não nos sentimos merecedores de determinadas conquistas ou tememos ser criticados por elas. De vencedores a culpados, nossos sentimentos viajam. Seria uma punição ou uma proteção de nosso ego? Talvez as duas! A autossabotagem de que tanto se fala nos tempos atuais é mais comum do que se imagina. Mas existe saída!

Augusto Cury, médico, psiquiatra, psicoterapeuta, doutor em psicanálise, professor, escritor brasileiro, nos alerta que a mente humana tem medo do incontrolável. Em sendo assim, já aqui encontramos um obstáculo com o qual nos deparamos na busca do que poderíamos chamar de sucesso; afinal, ainda não o conhecemos e o desconhecido costuma nos causar medo, numa dimensão que muitas vezes nos trava. Boicotamos o que poderia nos impulsionar, nos levar pra frente; paramos e até retrocedemos em nossos relacionamentos afetivos, em nosso crescimento profissional e em todas as dimensões de nossas vidas.

Anthony Robbins, autor do best seller Poder sem Limites, palestrante motivacional estadunidense, um dos principais responsáveis pela popularização da Programação Neuro-Lingüística, nos chama a atenção para associações que nosso cérebro faz e que muitas vezes aceitamos, sem questionamentos, dando-lhes permissão para que nos impeçam de avançar. Outras vezes até as identificamos e chegamos a iniciar a nossa caminhada; mas paramos em seguida, destruindo, inclusive, o que já havíamos conquistado.

Tais associações, segundo Robbins, se enraízam em nosso sistema nervoso e, por isso, podem ser chamadas de neuroassociações . São vínculos que nosso cérebro cria, relacionados à dor ou ao prazer, a partir de situações vividas e consideradas significativas. Elas ficam guardadas para serem utilizadas, tanto nos impulsionando, como nos protegendo de situações futuras. E se fortalecem quando novas situações nos trazem a mesma dor ou o mesmo prazer, acabando por criar padrões.

Identificar os monstros que moram em nossa mente e nos aniquilam é fundamental para que possamos desenvolver mecanismos de eliminá-los. Entender como o nosso cérebro trabalha tais associações e pô-las em xeque, pois muitas vezes são equivocadas, assim como se apresentam de forma mista, positivas e negativas a um mesmo fato. E, a partir daí, buscar meios para quebrarmos esses padrões.

Infelizmente o autoconhecimento é um processo do qual muitos fogem, tendo em vista que reconhecer quem realmente somos e o que queremos não é um processo simples. Ademais, enxergar nossas fortalezas é bom, mas encarar nossas fragilidades exige maturidade e um exercício de humildade tremendo. Admitir que cultivamos sentimentos equivocados, então, é, sem sombra de dúvidas, uma tarefa árdua. Mas se alcançamos esse estágio, então podemos partir para criar novos hábitos e conexões/associações diferentes.

Se não enfrentarmos isso, acabaremos por nos abandonar e “se a sociedade me abandona, a solidão é suportável; mas, se eu mesmo me abandono, a solidão é intolerável.” (Augusto Cury).



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