Este artigo busca apresentar as novas tecnologias educacionais como aliadas ao desenvolvimento profissional do professor. Versa ainda sobre as práticas em relação ao emprego da tecnologia como aliada na melhoria dos processos de ensino aprendizagem na educação.

É inegável que neste século a educação, como pontua Brandão, é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam; e deverá acompanhar a sistemática das transformações pelas quais vem passando a sociedade, a qual, por sua vez, vem exigindo mudanças na formação de um novo sujeito, capaz de ser agente participativo das transformações sociais.

Sabemos que o conhecimento até a década passada tinha como modelo a informação e a armazenagem, assim, a relação com o saber era extremamente estática ficando rapidamente ultrapassada.

Essa informação era transmitida apenas pela escola, pela igreja ou pelos pais, que detinham o conhecimento. Com as inovações tecnológicas percebemos uma mudança de paradigma em relação ao saber, o que antes era armazenagem e memorização hoje é um fluxo dinâmico e acelerado com estruturas que se abrem para o mundo interconectando as pessoas em janelas mundiais.

Segundo Bauman vivemos em um período de modernidade fluída. E a maior facilidade e rapidez nas comunicações e inovações tecnológicas fizeram com que a instituição escolar deixasse de ser a única detentora das informações.

Percebemos ainda alterações nas estruturas básicas do dia a dia e não são novidade quando pensamos na história da sociedade em que vivemos. Assistimos as revoluções tecnológicas e as facilitações ao conforto do homem nesse século e fomos expectadores de revoluções que alteraram a dinâmica da humanidade talvez na mesma proporção, como, a revolução da escrita, da agricultura, depois da imprensa, da revolução industrial e ainda a de mercado.

Em todas elas a humanidade se tornou diferente e a cada grande mudança o ritmo se acelera e as alterações acontecem de modo mais rápido.

A escola vem assistindo a facilitação do acesso ao saber e da inserção de tecnologias no trabalho docente e discente, porém ao mesmo tempo mantém características do século passado com seus quadros verdes, mesa do professor e carteiras enfileiradas.

Essa mesma escola tenderia a ser palco conjunto dessas transformações tecnológicas e sociais, e, no entanto, observou-se uma lacuna entre a evolução tecnológica e a utilização dos recursos pelos professores do ensino básico apontando para uma necessidade premente de repensar as formas de educação superando o modelo de “aula” passiva e aceitando a tecnologia não como salvadora da educação e sim como partícipe no processo de construção do saber.

Este saber acadêmico ou os saberes são cada vez mais rapidamente substituídos e vários ficam obsoletos e isso se reflete em todos os setores da economia à arte.

As novas tecnologias alteram ou podem alterar nossa forma de disponibilizar o conhecimento. Hoje não é só disponibilizá-lo. Precisamos aproximá-lo em um ambiente cooperativo em que possamos inventar e distribuir colocando o conhecimento à disposição como um fluxo corrente.

A educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da aventura de ensinar e aprender e opera com a linguagem escrita e a nossa cultura atual vive impregnada de uma nova linguagem: a da informática. (Gadotti).

A tecnologia tem mudado a forma com os jovens agem e como entendem a educação e isso não traz apenas benefícios.

Como trabalhamos o ensino também é diferente, pois também são diferentes as ferramentas. O uso pedagógico de softwares e de internet na instituição escolar como possibilidade de auxílio no ensino possibilita reflexões e também ações dos envolvidos na tentativa de buscar caminhos que ampliem a qualidade da aprendizagem, afinal, com diz Brandão; “ninguém escapa da educação”.

A forma como o educando passa a acessar essas informações, mediado e facilitado pelo professor, permite desenvolver sua capacidade de reflexão e resolução de problemas e é o que o leva a desenvolver suas capacidades aliada aos seus valores sendo sujeito da transformação de modo cooperativo.

Vislumbrando uma interação entre currículo escolar e as práticas externas à sua vida escolar de modo cooperativo e com a perspectiva de vincular o aprender a situações de seu dia a dia quebrando o ideário que a escola tradicional é viciada em práticas ultrapassadas e conteúdos obsoletos. Os recursos tecnológicos possibilitam uma ponte facilitadora entre esses conteúdos trabalhando interdisciplinarmente.

MERCADO (1999: 15) defende que:
“Os professores são facilitadores deste processo educativo, e o trabalho destes não poderá mais ser concebido isoladamente, mas em conjunto com os colegas e a partir de proposições mais amplas que extrapolam os limites de uma disciplina ou sala de aula”.

O professor pode e deve ser protagonista nesse processo aliando o dinamismo e a capacidade de trabalho cooperativo às novas tecnologias acompanhando as modificações globais de modo construtivo e crítico, alterando as formas como se aprende e como se ensina para que possa acompanhar o ritmo que se encontra a atualidade.

Lembrando que as tecnologias são todos os recursos que melhoram a vida e ainda possibilitam o entretenimento aumentando nossas capacidades, entendemos que o computador pode ser concebido como uma espécie de prótese da inteligência humana; termo empregado por Lévy, 1993.

Nesse sentido, a abordagem que dá também sentido ao uso do computador na educação é a de ferramenta, pois auxilia o aluno no seu processo de aprendizagem – e não como máquina de ensinar que apenas fornece informações ao usuário; Termos utilizados por Valente, (1998).

Há a necessidade de uma maior utilização dessas tecnologias de forma criativa e não reprodutora reproduzindo a sala de aula do século passado. Precisamos aprender a não ter medo das máquinas e muito menos delas nos substituírem.

É necessário que o professor conheça bem as potencialidades desses instrumentos para que consiga atender às necessidades das disciplinas e o interesse e capacidade do alunado. E a formação continuada torna-se necessária visto que os alunos são nativos digitais enquanto os professores apenas imigrantes desse mundo tecnológico e muitos ainda se consideram despreparados para o uso das tecnologias educacionais.

Segundo Valente (1998, p. 12), “o computador não é mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve uma tarefa por intermédio do computador”. Essa pode ser uma utilização do computador como ferramenta educacional, o professor mediando esse aprendizado e o aluno desenvolvendo algo novo.

Precisamos, inclusive, ter em mente que nossos problemas educacionais são muito maiores que simplesmente conhecermos o tecnológico em nível básico.Nossa reflexão acerca de nossa interação e dos alunos traz preocupações e desafios. Não há como colocarmos nas tecnologias a responsabilidade de ser salvadora da educação.

Considerações finais

O uso pedagógico do computador de modo orientado permite ao professor percorrer concepções de aprendizagem que contrapõem a escola tradicional, onde a relação que o sujeito estabelece com o objeto define novos universos de construção do conhecimento. Nesse caso, o objetivo da formação desse profissional não deve ser a aquisição de técnicas ou metodologias de ensino, mas de conhecer profundamente o processo de aprendizagem. (Valente, 1993, p. 31).

A função principal do professor nesse sentido é a de ação-formação. Mediando os recursos aliando-os aos seus procedimentos didáticos para não mais o aprendizado calado e individual e sim um aprendizado interconectado.

O ciberespaço abre novas possibilidades de aprendizado, sem tempos marcados e sem estar distante dos anseios individuais criando novas relações com os saberes e novos papéis para os educandos e professores. Em que o professor se perceba pesquisador, procurando se reinventar a cada dia.
Abrir-se para o novo. É o desafio de toda a sociedade.



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